"Pessoas amam, pensam, choram, discutem... Pessoas sentem,
vêem, ouvem, vivem... Mas disso tudo, o melhor é saber não apenas conjugar os
verbos, mas praticá-los na sua essência. Praticá-los de modo a levar o nosso
próximo à altura de praticá-los também, com intensidade suficiente para
contagiar todos quantos estiverem ao seu redor. Quando isso ocorre, encontramos
amigos, pessoas abençoadas, que têm um ideal de vida transformador, que levam
consigo uma semente de esperança para plantar sempre que se fizer necessário.
Quando amamos a Deus acima de todas as coisas, e ao nosso próximo como a nós
mesmos, não corremos o risco de errar, pois simplesmente amamos, e contra o amor
não existe lei, não existe condenação. Talvez o maior sinal do amor seja a
entrega irrestrita, a confiança plena. Ao mesmo tempo, talvez, este também seja
o maior defeito do mais sublime dos sentimentos. Amamos, não para sermos amados,
mas pela simples questão de que isto é a essência da nossa vida, já que viver
sem amar é existir e não ser, ir e não chegar, olhar e não ver, andar e não
caminhar, é inútil. E nesta vida regada de coisas belas e de felicidade(s)
proporcionada(s) pelo contágio do amor, nascem árvores e, delas, frutos belos,
viçosos. Nossa maior alegria seria compartilhar esses frutos com todos os que
assim o desejassem... Mas a vida não é assim. Como gostaríamos que todos
soubessem que só queremos amá-los, assim como amamos a nós mesmos! De repente
chegam e lançam mão de pedras e paus e derrubam aquilo que levamos tanto tempo
para construir. Não um império de tijolos e dinheiro, mas justamente o oposto:
um livre acesso àquilo que reside bem dentro de nós, uma forma fácil de acolher
nosso próximo em nossos corações. Que mal fazem a si próprios! Não poderiam
simplesmente entrar e fazer parte da nossa alegria? Preferem destruir a nossa
ponte pura e singela, (preferem) atirar suas pedras aos frutos de nossas
fruteiras, somente para vê-los ao chão e depois calcá-los. Uma atitude
irracional, diria alguém. O mais difícil nesse momento talvez seja entender que
devemos, sim, amá-los também, da mesma maneira como a nós mesmos, pois nossa
capacidade de amar não pode ser jamais destruída. Mas os danos... Esses já foram
feitos. Já não existe uma maneira tão fácil de se acessar nossos sentimentos.
Tudo aquilo que pensávamos ser o ideal fora destruído pelas hordas de gente(s)
que existe(m) sem viver - as quais também devem ser amadas, apesar disso. Temos
agora uma situação desoladora. Nossos valores estão salvos, mas as marcas da
violência estão espalhadas. Somos então levados a uma nova conduta: A defensiva.
Passamos a atitudes como: 'Venha, mas não entre. Fale, mas só o que lhe
perguntar. Faça, mas só o que lhe ordenar/pedir'. Este é o nosso novo mundo,
onde ficamos assustados, sem saber como fazer para dizer que o que nós queremos
é simplesmente AMAR.
Roberto Rodrigues Costa
Adaptado por
Serena
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